Dificuldade para obter vistos leva intercambistas a buscar novos destinos para estudar idiomas
Os atentados terroristas de 2001 em Nova York e Washington mudaram drasticamente os destinos dos brasileiros que querem cursar idiomas no exterior. Três anos depois da queda do World Trade Center, as cidades americanas perderam a atração para a maioria desses intercambistas. Os Estados Unidos, que eram o principal objetivo dos estudantes, agora estão em quinto lugar. Foram substituídos por Canadá, Inglaterra, Espanha e Austrália. O espólio americano é generoso. Países até então pouco badalados, como Escócia, Irlanda e Malta, também entraram na lista de opções dos estudantes.
A virada é resultado de uma soma de fatores. O pânico de novos ataques terroristas afastou alguns intercambistas nos meses que se seguiram aos atentados. Mas hoje o que predomina são outros fatores. 'Muitas pessoas já nem pensam mais em ir para os EUA', diz Patrícia Zocchio, diretora da agência Experimento. 'O antiamericanismo, somado às maiores dificuldades para conseguir o visto, produziu essa nova situação', analisa Marcos Calliari, diretor da agência EF.
Hoje, apenas os consulados do Rio, do Recife e de São Paulo, além da embaixada em Brasília, estão autorizados a conceder vistos. A guerra ao terror americana foi um pretexto para aumentar a repressão a possíveis imigrantes ilegais. Uma empresa de turismo calcula que a proporção de vistos negados de seus clientes esteja em 3%, o dobro de antes dos atentados.
Mineiro da cidade de Ipanema, Weverson Assis Calhau, de 26 anos, teve de viajar cerca de 500 quilômetros até o Rio de Janeiro para a entrevista no consulado. 'Mas a atendente não quis nem ver minha documentação, que estava completa', lembra. 'Ela perguntou se meu pai era dono de terras e me dispensou quando eu respondi que não. Como se fosse só fazendeiro que tem dinheiro no Brasil', revolta-se. Diante disso, Weverson foi para o Canadá. Foram 54 dias em Toronto.
'Não me arrependo e pretendo voltar um dia', diz Weverson. 'Conheci a torre mais alta do mundo, fui ao teatro Princess of Galles ver o musical O Rei Leão, curti as boates e visitei as Cataratas do Niágara. A cidade é bonita e o povo tem simpatia por brasileiros', completa.
Os novos países anfitriões comemoram. Neste ano, cerca de 8 mil brasileiros vão estudar idiomas fora. Cada um deles gasta em média US$ 250 por semana. Weverson, por exemplo, deixou no Canadá quase US$ 8 mil. Também por estar de olho nesse mercado, a empresa aérea Lan Chile passará a oferecer, em dezembro, quatro vôos semanais para a Austrália, um a mais do que hoje. 'A passagem é um pouco mais cara, mas o custo de vida lá compensa. Além disso, os cursos são mais baratos que nos EUA', avalia Calliari.
ROTAS ALTERNATIVAS |
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Os principais países procurados pelos estudantes de idiomas |
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2001 |
2003 |
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País |
% |
País |
% |
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1 - EUA |
34 |
1 - Canadá |
36 |
|
2 - Canadá |
21 |
2 - Inglaterra |
14 |
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3 - Inglaterra |
14 |
3 - Espanha |
14 |
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4 - Nova Zelândia |
11 |
4 - Austrália |
13 |
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5 - Austrália |
11 |
5 - EUA |
8 |
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6 - Espanha |
4 |
6 - Nova Zelândia |
5 |
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Outros |
5 |
Outros |
10 |
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